Afinal, dá para pegar COVID pelo ar? O que dizem os cientistas e, agora, o CDC

 Desde o início da pandemia da COVID-19, pesquisadores e cientistas discutem de quais formas o novo coronavírus (SARS-CoV2) pode ser transmitido. Agora, parece haver o consenso de que esse agente infeccioso pode, realmente, contaminar pessoas saudáveis através das vias áreas. Em outras palavras, ele pode se propagar pelo ar, como a tuberculose, sarampo e catapora, mesmo que essa não seja sua principal forma de transmissão.

Diante desse risco, as chances de se contrair COVID-19 são muito maiores em ambientes fechados do que ao ar livre, como em um parque. O novo consenso que está sendo discutido há meses sobre o coronavírus deve afetar, diretamente, as políticas públicas e medidas para contenção de contágio. Ainda em julho, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já alertava sobre essa possibilidade, por exemplo.

Pesuqisadores apontam que o coronavírus pode ser transmitido pelo ar, como a tuberculose (Imagem: Reprodução/ Kjpargeter/ Freepik.

“Esse vírus é liberado em aerossóis que permanecem flutuando no ar, viajam mais de dois metros e podem se acumular no ar da sala”, explica Kimberly Prather, da Universidade da Califórnia, em San Diego, para o jornal El País. Por isso, "as máscaras devem ser usadas em ambientes internos sempre que houver outras pessoas presentes; os aerossóis não param a dois metros”, ressalta rather.

Casos de transmissão por vias áreas

“As evidências do estudo dos surtos, sobretudo em massa, indicam que neles o contágio teve de ocorrer principalmente por transmissão aérea de aerossóis que persistiam em suspensão no ar e se distribuíam por toda uma área interna mal ventilada”, explica a virologista Margarita del Val, diretora do grupo Saúde Global, do CSIC de pesquisa sobre o coronavírus.

A partir desse tipo de transmissão, pesquisadores explicam a disseminação do coronavírus dentro do coral de Skagit, nos Estados Unidos, onde um dos cantores contaminou outras 52 pessoas em um único ensaio. Na ocasião, alguns estavam vários metrôs de distância e mesmo assim contraíram a COVID-19, em uma sala sem circulação de ar. Casos semelhantes também ocorreram em uma aula de dança na Coreia do Sul e em um restaurante de Guangzhou, na China.

“Os casos de superpropagação só podem ser explicados por aerossóis: todos respiram o mesmo ar em uma sala fechada e com pouca ventilação”, afirma Prather. “O desafio com esse vírus é que muitas pessoas se movimentam já infectadas, sem saber que estão doentes; exalam aerossóis infecciosos simplesmente pela fala”, alerta a pesquisadora.

Diante desses casos de contágio da COVID-19, pesquisadores e médicos de diferentes institutos — incluindo Prather — publicaram uma carta na revista Science, onde ressaltaram a importância de se tomar medidas para combater os contágios transmitidos por via aérea.

"Os vírus em aerossóis (menores que 100 μm) podem permanecer suspensos no ar por vários segundos até horas, como fumaça, e serem inalados. Eles estão, altamente, concentrados perto de uma pessoa infectada, portanto, podem infectar pessoas nas proximidades. Mas os aerossóis que contêm vírus infecciosos também podem viajar mais de dois metros e se acumular no ar interno mal ventilado, levando a eventos de superespalhamento", afirma o grupo de cientistas.

Além de manter o distanciamento social, a higiene das mãos e o uso de máscaras, as autoridades sanitárias devem acrescentar novas orientações voltadas para o risco de transmissão do coronavírus via aerossóis. Afinal, é como se pessoas com a COVID-19 expelissem, a todo momento, partículas virais muito pequenas pelo simples ato de respirar, mas com capacidade de contaminar os outros.

CDC reconhece a transmissão por vias áreas

Na segunda-feria (5), o Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC), dos EUA, reconheceu formalmente que o coronavírus pode ser transmitido pelo ar "às vezes" e "sob certas condições". Na ocasião, foram atualizadas as recomendações do site da agência sobre essa forma de contaminação.

"Algumas infecções podem ser transmitidas pela exposição ao vírus em pequenas gotículas e partículas que podem permanecer no ar por minutos a horas. Esses vírus podem infectar pessoas que estão a mais de 6 pés [1,8 m] de distância da pessoa infectada ou depois que essa pessoa deixou o local", aponta o novo texto da agência.

No entanto, o CDC destaca que, a partir de evidências já estudadas, "essas transmissões ocorreram em espaços fechados com ventilação inadequada. Às vezes, a pessoa infectada respirava com dificuldade, por exemplo, enquanto cantava ou fazia exercícios."

"Nessas circunstâncias, os cientistas acreditam que a quantidade de gotículas infecciosas menores e partículas produzidas pelas pessoas com COVID-19 se concentraram o suficiente para espalhar o vírus para outras pessoas. As pessoas infectadas estavam no mesmo espaço durante o mesmo período ou logo após a saída da pessoa com COVID-19", explica a agência.

Entretanto, "os dados disponíveis indicam que é muito mais comum que o vírus que causa a COVID-19 se espalhe por contato próximo com uma pessoa que tem a doença do que por transmissão aérea", completa. O curioso é que, há menos de três semanas, o CDC já tinha divulgado uma atualização semelhante a atual sobre esse novo risco de contágio, mas retrocedeu com o alerta..

Para acessar a última atualização do CDC, clique aqui. Para ler o artigo publicado na revista Science sobre essa nova forma de contágio, clique aqui.

Fonte: https://canaltech.com.br/saude/da-para-pegar-covid-19-pelo-ar-172620/.



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