Recursos Humanos

 

“O gestor de RH deve dar atenção aos sinais faciais das pessoas”, aconselha António Damásio.

O papel do gestor de Recursos Humanos é prestar atenção aos sinais faciais das pessoas se quer compreender a razão dos seus comportamentos. Hoje, mais do que nunca, numa altura em que “as pessoas estão com carência afetiva como se costuma dizer” – para usar a terminologia do neurocientista António Damásio no fecho da edição virtual da conferência sobre recursos humanos da ABRH Brasil, que decorreu esta semana.

“O gestor deve prestar atenção aos sinais que aparecem no rosto dos empregados”, diz o investigador português a viver nos EUA, exemplificando: “sinais no rosto humano de desconforto afetivo, de tristeza, de zanga. Na sua opinião, se o líder apenas prestar atenção àquilo que os elementos da sua equipa dizem intelectualmente não consegue compreender o comportamento humano porque estará a perder as motivações, as razões pelas quais essa pessoa se comporta de determinada maneira.

“Nem apenas o intelecto por si, ou o afeto por si, pode resolver os problemas, temos de considerar os dois juntos”, defende. O gestor deve, não só ouvir, mas ver o que o rosto revela- a satisfação, ou pelo contrário, a ansiedade que a pessoa mostra. Isto se quer entender as pessoas que trabalham à sua volta e com quem tem relações profissionais e sociais.

Há algo estranho que está a ser esquecido- e não devia

Segundo Damásio, existe um grande preconceito típico: dar um enorme valor àquilo que é intelecto e desvalorizar tudo o que tem a ver com os afetos e sentimentos- o que conta não é apenas a capacidade cognitiva, alerta. “Para mim, há qualquer coisa que está a ser esquecida e que é uma realidade diferente e estranha- daí o nome do seu livro.”

Damásio quer que as pessoas compreendam que todas as nossas capacidades sociais são caraterísticas fundamentais da vida dos seres humanos e também das bactérias- mas cuja origem é anterior ao ser humano, “vem de uma raiz que começou há biliões de anos de vida.”

A vida dos afetos, presente nos seres humanos, não deve ser desvalorizada face às capacidades intelectuais, defende o investigador. A quem devemos a capacidade social de fazer guerra ou cooperar? “Ao sistema que existe em seres simples como as bactérias e que tem a ver com uma forma de inteligência, uma inteligência implícita, escondida, que não é aparente. Quando transpomos esse sistema para os seres humanos é muito mais interessante porque relacionamo-lo com os afetos.”

A vida dos afetos: diferença entre emoções e sentimentos

Há uma grande diferença entre emoção e sentimento, duas coisas que estão sempre a ser confundidas e que é algo que António Damásio estuda há muitos anos. Propõe assim duas definições essenciais para explicar a diferença entre emoções e sentimentos.

“Quando me contam uma anedota e eu dou uma gargalhada, o que faço é ter uma emoção- a anedota provoca alegria, o que leva a uma emoção em mim. Emoção é o que os atores fazem quando estão no placo: um comportamento exterior em que a máscara das nossas caras se manifesta e assume uma posição: alegria, ansiedade, medo, zanga. Tudo isto são comportamentos observáveis.”

Já o sentimento é diferente, trata-se de uma experiência mental, que é interior. “É possível ter sentimentos complexos e não os revelar no rosto. A importância dos sentimentos é que dão indicação sobre a forma como a nossa vida está a decorrer.

Assim, a definição curta de sentimento é: “forma de exprimir mentalmente aquilo que se está a passar no nosso corpo. Sentimentos são sinais de alerta que nos dizem se as coisas estão a correr bem ou, pelo contrário, algo pode ameaçar a integridade da vida. As bactérias não têm sentimentos, mas nós temos. As razões biológicas dos sentimentos continuam a vir da tal inteligência implícita de que falei.”

António Damásio fechou com chave de ouro a CONARH, conferência brasileira anual sobre liderança e gestão de recurso humanos. Com cerca de 10 horas de duração e 14 palestras, a edição digital contou com mais de 20 palestrantes nacionais e internacionais, do Brasil, Portugal, EUA e Reino Unido.

Dedicada ao tema Ressignificar é Preciso, o evento da ABRH Brasil juntou profissionais e executivos para discutir o futuro da gestão de pessoas neste novo tempo. A edição presencial do evento está planeada para 19 e 21 de abril de 2021.

Fonte: https://lidermagazine.sapo.pt/conferencia-abrh-brasil-o-gestor-de-rh-deve-dar-atencao-aos-sinais-faciais-das-pessoas-aconselha-antonio-damasio/

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