O TDAH na Escola (Matando um leão a cada dia)
Segundo
Russel A. Barkley as crianças com TDAH tem grandes dificuldades de ajustamento
diante das demandas da escola.Um terço ou mais de todas as crianças portadoras
de TDAH ficarão para trás na escola, no mínimo uma série, durante sua carreira
escolar,e até 35% nunca completará o ensino médio. As notas e pontos acadêmicos
conseguidos estão significativamente abaixo das notas e pontos de seus colegas
de classe. Entre 40% a 50% dessas crianças acabarão por receber algum grau de
serviços formais através de programas de educação especial, como salas com
recursos, e até 10% poderá passar todo o seu dia escolar nesses programas.
Complicando esse quadro, existe o fato de que mais da metade de todas as
crianças com TDAH também apresentam sérios problemas de comportamento
opositivo. Isto ajuda a explicar porque entre 15 a 25% dessas crianças serão
suspensas ou até expulsas da escola devido a problemas de conduta.
É
de extrema importância que alunos com TDAH sejam motivados. Em nossa prática no
dia a dia, orientando professores de crianças portadoras de TDAH,
freqüentemente encontramos crianças com dificuldades seríssimas em termos de
relacionamento, comportamento e também de aprendizagem, conseguirem uma melhora
significativa quando mudam de professor. “A criança com TDAH tem que engolir o
professor junto com a matéria”. Sua inconstância de atenção e naão déficit de
atenção, fazem com que elas sejam capazes de uma hiper concentração quando
houver motivação.
Aí
vem a grande dificuldade, professores, diretores, e toda uma equipe de apoio,
sem o devido conhecimento sobre o TDAH, classes cheias de crianças com TDAH,
com os professores sem saber o que fazer nem como lidar com elas, professores
desmotivados,mal pagos, com seu 13º salário na Suíça, salas de aula super
lotadas, vamos encontrar turmas e mais turmas de “alunos especiais”, que não
conseguem nem ao menos serem alfabetizados, que inevitavelmente ao faltar
estrutura familiar que possa funcionar como seus “freios inibitórios”, vão
evoluir para evasão escolar, droga e delinqüência. Temos constantemente
orientado as escolas para selecionarem (pelo menos de 1ª a 4ª série)
professores que tenham perfil para lidarem com crianças portadoras de TDAH, que
sejam democráticos, solícitos, amigos, compreensivos e empáticos e não
desorganizados, hiperativos e impulsivos como ela. Crianças com TDAH não tem
que estar em turmas separadas, elas não tem problemas cognitivos, aprendem
muito bem quando tratados adequadamente por uma equipe interdisciplinar.
Temos
que aprender a lidar com estas crianças, conhecer suas limitações, respeita-la
e com criatividade descobrir como ela aprende melhor, e uma boa maneira de se
fazer isto é perguntando a ela. Como você acha que aprende melhor?
A
criança portadora de TDAH do tipo predominantemente desatenta, é uma criança
dócil, fácil de lidar, porém com dificuldade de aprendizagem desde o início de
sua vida escolar, lenta ao copiar do quadro, lenta para fazer o dever de casa,
necessidade de acompanhamento dos pais ou orientadores a vida toda; isto
contribuirá para que tenha uma baixa auto-estima, podendo futuramente desenvolver
comorbidades como por exemplo: Ansiedade generalizada e depressão entre outros.
A
tendência de pais , professores e diretores de escola é entender o
comportamento destas crianças como desobedientes e desinteressadas e insistirem
a valorizar as melhores cabeças, valorizando no trabalho escolar apenas a
transmissão do conhecimento e a produção do trabalho escrito, valorizando mais
a quantidade em detrimento da qualidade.
Em
casa não é muito diferente, pais desesperados que já visitaram muitos
médicos,psicólogos, neurologistas, fonoaudiólogos etc, a procura de um
tratamento adequado, um caminho muitas vezes tortuoso e conflituoso, num
processo que pode levar meses e até anos.
Outro
dado importante a ser considerado é que estudos apontam sobre a persistência do
TDAH na adolescência e vida adulta.(Rohde, 1997; Nadeau,1996). Werder (1990)
por meio de pesquisas mais sistemáticas e longitudinais, reconheceu o TDAH na
vida adulta também. As pesquisas recentes indicam que cerca de 70% dos
adolescentes que apresentavam o problema quando crianças mantém o diagnóstico
aos 14 anos. E embora não se tenha dados exatos, sabe-se que parte destes 70%
ainda apresentará o TDAH no final da adolescência e ainda manterá o diagnóstico
na vida adulta.
O
que parece acontecer na vida adulta, entretanto, é uma diminuição dos sintomas
da hiperatividade,permanecendo os sintomas de desatenção e impulsividade.
É
importante que o profissional de saúde mental possa apoiar o professor em sala
de aula. É importante que professores tenham pelo menos uma noção básica sobre
o tdah, sobre a manifestação dos sintomas, e as conseqüências em sala de aula.
Saber diferenciar incapacidade de desobediência é fundamental.
Segundo
Sam Goldstein e Michael Goldestein a criança hiperativa na escola é como
“encaixar um prego redondo em um buraco quadrado”.
É
uma grande dificuldade para a criança hiperativa quando ela entra no jardim de
infância, e precisa agora aprender a lidar com as regras, a estrutura e os
limites, e o seu temperamento simplesmente não se ajusta muito bem com as
expectivas da escola.
Para
ir bem nas provas, uma criança precisa não apenas exibir as aptidões que estão
sendo avaliadas, mas também possuir a capacidade de ouvir e seguir instruções,
prestar atenção e persistir até que a prova seja completa. A criança deve
também ser capaz de parar para pensar qual seria, entre as várias opções a
melhor resposta possível. Entretanto, as crianças hiperativas são fracos nessas
áreas de aptidões e, portanto, as notas obtidas nas provas de inteligência
muitas vezes refletem mais a sua hiperatividade que seu potencial intelectual.
Algumas crianças hiperativas são muito brilhantes. A maioria está dentro dos limites
médios e algumas, infelizmente, ficam abaixo da média em suas aptidões
intelectuais.
Crianças
hiperativas muito brilhantes freqüentemente conseguem ter uma boa atuação
durante o curso elementar (1ªséries do 1º grau) e é possível que não sejam
consideradas crianças com problemas. As maiores aptidões intelectuais da
criança permitem que ela compense sua incapacidade de continuar numa tarefa.
Ela pode não se dedicar durante muito tempo, mas o tempo gasto nas tarefas
muitas vezes resulta num trabalho completo e freqüentemente correto. Pode
parecer que esta criança não preste atenção, mas quando solicitada geralmente
sabe a resposta. Lembre-se: Ser desatento não equivale ser
incapaz de aprender. As crianças hiperativas, quando sua atenção é
focalizada, são capazes de aprender tão bem quanto as outras.
Entretanto
nos últimos anos do 1º grau mesmo os adolescentes hiperativos mais inteligentes
não conseguem acompanhar consistentemente o crescimento das exigências e
responsabilidades educacionais para ter sucesso. Freqüentemente é durante estes
anos escolares que se reconhece que os adolescentes hiperativos inteligentes
estão vivenciando este padrão de dificuldade de comportamento, o que interfere
em seu desempenho escolar.
Um
fator crucial para o sucesso do seu filho na escola é o professor e a
capacidade que este professor tem para controlar a classe com eficiência.
Esteja
seu filho recebendo ou não serviços de educação especial, acreditamos que você
tem o direito de participar ativamente da seleção dos professores do seu filho.
Apresentamos a seguir uma lista do que procurar no professor ideal e no
ambiente de aula ideal para a criança hiperativa. Estas sugestões baseiam-se
numa combinação de pesquisa científica, julgamento profissional e senso comum.
Algumas destas questões podem ser abordadas em conversas diretas com os
possíveis professores, outras, conversando- se com pais cujos filhos
trabalharam com um determinado professor, outras ainda podem ser avaliadas observado-se
a sala de aula. Esta lista também serve para projetar uma sala de aula para uma
criança hiperativa.
- O
professor sabe sobre hiperatividade em crianças e está disposto a reconhecer
que este problema tem um impacto significativo sobre as crianças da classe.
- O
professor parece entender a diferença entre problemas resultantes de
incompetência e problemas resultantes de desobediência.
- O
professor não emprega como primeira ação o reforço negativo ou a punição como
meios para lidar com problemas e para motivar na sala de aula.
- A
sala de aula é organizada.
- Existe
um conjunto claro e consistente de regras na classe. Exige-se que todos alunos
aprendam as regras.
- As
regras da sala de aula estão num cartaz colocado na sala para que todos vejam.
- Existe
uma rotina consistente e previsível na sala de aula.
- O
professor exige e segue estritamente as exigências específicas referentes a
comportamento e produtividade.
- O
trabalho escolar fornecido é compatível com o nível de capacidade da criança.
- O
professor está mais interessado no processo ( compeensão de um conceito) que no
produto (conclusão de 50 problemas de subtração).
- A
disposição da sala de aula é definida, com carteiras separadas colocadas em
fileiras.
- O
professor distribui pequenas recompensas sociais e materiais relevantes e
freqüentes.
- O
professor da classe é capaz de usar um programa modificado de custo resposta.
- O
professor emprega punições leves acompanhadas de instruções para retornar ao
trabalho quando a criança hiperativa interrompe o trabalho dos outras.
- O
professor ignora o devaneio ou a desatenção em relação a lição que não perturbe
as outras crianças e , então, uma atenção diferenciada quando ela volta ao
trabalho.
- A
menor razão aluno para professor possível (preferencialmente, um professor para
oito alunos.
- O
professor está disposto a alternar atividades de alto e baixo interesse durante
todo o dia em lugar de fazer com que o aluno faça todo o trabalho de manhã com
tarefas repetitivas uma após a outra.
- O
professor está disposto a oferecer supervisão adicional durante o período de
transição entre aulas, intervalos e durante outras atividades longas como
reuniões.
- O
professor é capaz de antecipar os problemas e fazer planejamentos de antemão
para evitar problemas.
- O
professor está disposto a auxiliar a criança hiperativa a aprender, praticar e
manter aptidões organizacionais.
- O
professor está disposto a aceitar a responsabilidade de verificar se a
criança hiperativa aprende e usa um sistema eficaz para manter-se em
dia com o dever de casa, e conferir se ela quando sai do prédio da escola,
todos os dias, leva esse dever para casa.
- O
professor aceita a responsabilidade de comunicar continuamente com os pais.
Para alunos o curso elementar, um bilhete diário e enviado para casa. Para
estudantes das últimas séries do 1º e 2º grau, usam-se notas de progresso
semanal.
- O
professor fornece instruções curtas diretamente à criança hiperativa e em nível
que ela possa entender.
- O
professor é capaz de manter um controle eficaz sobre toda a classe, bem como
sobre a criança hiperativa.
- Preferencialmente
a classe é fechada (quatro paredes ) nunca em ambiente aberto.
- O
professor está disposto a desenvolver um sistema no qual as instruções são
repetidas e oferecidas de várias maneiras.
- O
professor está disposto a oferecer pistas para ajudar a criança hiperativa a
voltar para o trabalho e a evitar que ela fique super excitada.
- O
professor está disposto a permitir movimentos na sala de aula.
- O
professor prepara todos os alunos para mudanças na rotina.
- O
professor entende como e quando variar seu método.
- O
professor é capaz de fazer um rodízio e uma alternância de estímulos e
reconhece que aquilo pode ser recompensador para um aluno, pode não ser para
outro.
- Todos
os estudantes aprendem um modelo lógico de resolução de problemas para lidar
com problemas na sala de aula e entre eles mesmos (por exemplo: parar, ver,
ouvir).
- Um
sistema de treinamento em atenção ou auto monitoramento é usado em sala de
aula.
- O
professor parece capaz de encontrar algo positivo, bom e valioso em toda
criança. Este professor valoriza as crianças por aquilo que são, não por aquilo
que conseguem produzir.
Estilo de atuação dos professores
Segundo
Edylein Bellini Peroni Benczik, os professores são bem diferentes em seus
estilos pessoais:
1º O professor autoritário: intolerante
e rígido, valoriza somente as necessidades acadêmicas do aluno, focalizando
apenas a produção de tarefas, tornando-se impaciente com a criança a medida que
esta não consegue corresponder às suas expectativas.
2º O professor pessimista, desanimado e infeliz, com tendência a ter uma
visão categórica de todo mal comportamento e das tarefas inacabadas como
proposital e por desconsideração a ele, não conseguirá estabelecer um bom
relacionamento com a criança.
3º O professor hiper crítico, ameaçador
e “nunca erra”- certamente ficará frustrado pela dificuldade da
criança com TDAH em fazer mudanças adequadas rapidamente.
4º O professor do tipo impulsivo,
temperamental e desorganizado- poderá ter também uma experiência difícil dada a
similaridade de seu comportamento com aquele tipicamente apresentado pela
criança com TDAH.
5º O professor que parece mais se
ajustar às necessidades dos alunos com TDAH é aquele que se mostra:
•Democrático, solícito, compreensivo.
•Otimista, amigo e empático.
•Dar respostas consistentes e rápidas para o comportamento
inadequado da criança, não manifestando raiva ou insultando o aluno.
•Bem organizado e administra bem o tempo.
•Flexível no manejo dos vários tipos de tarefa.
•Objetivo e descobre meios de auxiliar o aluno a atingir as suas
metas.
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